Cana é o que mais encontramos no segundo dia de caminhada!
E o que é a cana?
Para que serve? (Além de fazer aquela meleca e não ter onde lavar as
mãos!)
A cana é uma planta composta, em média, de 65% a 75% de água, mas seu
principal componente é a sacarose, que corresponde de 70% a 91% de substâncias sólidas solúveis. O caldo
conserva todos os nutrientes da cana-de-açúcar, entre eles minerais (de 3 a 5%) como ferro, cálcio, potássio, sódio, fósforo, magnésio e cloro, além de vitaminas do complexo
B e C. A planta contém ainda glicose (de 2% a 4%), frutose (de 2% a 4%), proteínas (0,5% a 0,6%), amido (0,001% a 0,05%) ceras e graxos (0,05% a 0,015%) e corantes, entre 3% a 5%.
Além desses, o caldo de cana é composto por antioxidantes: ácidos
fenólicos (cafêico, sináptico e isômeros do ácido clorogênico), flavonóides
(apigenina, luteolina e derivados de tricina) e outros compostos fenólicos. O
consumo de apenas 250ml poderia resultar na ingestão de 40mg de fenólicos
representando, dessa forma, uma importante fonte desses compostos antioxidantes
na dieta.
Nestes tempos de biocombustível pra cá,
biocombustível pra lá, que tal você também adotar o caldo de cana como
biocombustível? Neste caso, o combustível é para o seu organismo. Vejam só as
fantásticas propriedades que o caldo de cana (garapa) possui:
A cana-de-açúcar foi objeto de pesquisa inédita no
Brasil, desenvolvida nos laboratórios do Labex (Laboratório de Bioquímica do
Exercício), do Instituto de Biologia da Unicamp (IB), e do Departamento de
Alimentos e Nutrição, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA). Coordenada
pela professora Denise Vaz de Macedo, do Departamento de Bioquímica do IB, o
principal propósito das investigações científicas com a cana-de-açúcar é
comprovar a sua eficácia não apenas quanto ao rendimento físico, como também
para a recuperação significativa da massa muscular de atletas, sobretudo
praticantes de futebol.
A professora Denise, que pesquisa o tema há
aproximadamente seis anos, está propondo a substituição do consumo
desenfreado de produtos tradicionais colocados no mercado – de custo
relativamente alto e nem sempre muito bem aceitos por atletas – pela garapa, “um
alimento natural, portanto muito mais saudável e muito mais eficaz“,
observa. Os atletas consomem muita energia durante os treinos e jogos. “Nesse
momento, temos necessidade premente de possuirmos energia suficiente para
abastecer a massa muscular dos atletas e, com isso, fazê-los render o máximo”,
explica Denise.
É que normalmente, um atleta ou qualquer outra
pessoa fisicamente ativa, possui uma reserva presente nos músculos, conhecida
como glicogênio. Ela é armazenada nos músculos após o consumo de carboidratos.
Com isso, o atleta gasta essa reserva durante o exercício e, quando acaba, tem
a necessidade de repô-la, por meio do consumo de produtos que contenham açúcar
ou amido, que podem ser facilmente encontrados no mercado.
“Quando isso não é feito, observa-se que o atleta
se sente fadigado ao final das partidas ou competições. Isso ocorre porque ele
não está usando a fonte de energia correta”, explica Denise. Foi com a intenção
de buscar fontes alternativas eficazes de reposição de glicogênio que ela
começou a investigar a cana-de-açúcar, “sem dúvida uma das mais importantes
fontes de sacarose”. E tem mais: a cana-de-açúcar constitui um produto
genuinamente nacional, tem em abundância no Brasil e seu custo é baixo. Denise
conta que começou a pesquisar a garapa, como é conhecido o caldo extraído da
cana-de-açúcar, há três anos, juntamente com Mirtes Stancanelli, nutricionista
do Labex.
Iniciou esse trabalho com jogadores das categorias
de base da Associação Atlética Ponte Preta, ao longo da temporada competitiva
de 2001, e também junto aos jogadores profissionais, durante o Campeonato
Brasileiro, transcorrido no período de junho a dezembro de 2001.
Resultados satisfatórios
“Depois dos treinos ou jogos, os atletas matavam a
sede tomando uma quantidade definida de garapa. É bom lembrar que o caldo de
cana-de-açúcar possui concentrações elevadas de sacarose, além de glicose e
frutose, que lhe confere um alto índice glicêmico, proporcionando a um único
alimento quantidade e qualidade de energia própria para ser utilizado
imediatamente ao término dos exercícios”, acentua Denise. O fato é que no
Campeonato Brasileiro de 2001, a Ponte Preta acabou chegando em 6º lugar. Um
resultado bastante satisfatório, que pode ser atribuído, pelo menos em parte, à
alimentação com garapa, como sugere a pesquisadora do Instituto de Biologia.
Durante todo o período, 60 atletas da Ponte Preta,
30 profissionais e 30 da categoria de juniores, foram alimentados com
caldo-de-cana, sempre após o término do treino ou de uma partida oficial. O
mesmo processo se deu com a Associação Atlética Caldense, de Minas Gerais, que
em 2002 sagrou-se campeã mineira. Em ambos os casos, os atletas revelaram
significativo rendimento físico, assim como a manutenção da massa muscular.
“É importante salientar a necessidade de os atletas
tomarem a garapa nas doses corretas até duas horas após o treino ou após a
partida, para se obter uma reposição eficiente”, acentua a pesquisadora da FEF.